Carne suína ganha espaço em restaurantes e derruba mitos
Por Luiza Fecarotta, de São Paulo
Aquele animal gordo, sujo e perigoso está mais para o imaginário que para a realidade. O porco contemporâneo é esbelto, limpinho, criado em confinamento com higiene controlada e alimentado com ração --não com restos de comida.
Mesmo sem ter se desfeito dos estigmas do passado --de que tem alto teor de gordura e colesterol, transmite doenças mortais e é produzida em condições insalubres -- a carne suína é a mais consumida no mundo.
Esse patamar foi alcançado pelo reforço pesado da China, é certo --e pela queda da oferta de carne bovina, o.k. Mas, no Brasil, nota-se um crescimento progressivo da procura por essa carne.
"A tendência é que a exportação também cresça, principalmente agora, que a presidente [Dilma Rousseff] abriu o mercado da China", diz Jurandi Soares Machado, da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína.
Com preços mais acessíveis, o produto tem se multiplicado nas mesas de restaurantes, preparado com técnicas apuradas, como choque térmico e cozimento longo em baixa temperatura.
Pelas mãos de chefs o porco ganha leituras apoiadas em cortes ousados (além da trinca lombo-costela-bisteca). E as crendices sobre esse alimento são postas de lado.
Atualmente, cada brasileiro consome cerca de 13 kg de carne suína por ano - número três vezes menor que o de países da Europa e do Oriente - sendo quase 80% só com produtos processados e embutidos, como salsicha, linguiça e mortadela. De acordo com os produtores do setor, o consumo ainda baixo tem relação com o preconceito por conta da falta de informação sobre a suinocultura no Brasil e pela ideia errônea de que a carne suína é gordurosa. A realidade é que, graças ao emprego de modernas técnicas de criação e abate, a carne consumida no País tem baixíssimo teor de gordura. Além disso, segundo pesquisas da United States Department of Agriculture (USDA), a carne suína possui menor teor de colesterol, sódio e potássio que a carne bovina e a de frango.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), a exportação cresceu cerca de 18% entre janeiro e abril de 2009. Em quatro meses, o País exportou mais de 188 mil toneladas de carne suína, grande parte para Rússia, Hong Kong e Angola, o que gerou uma receita de US$ 377,25 milhões. Em comparação aos mercados de carne bovina e de frango, ainda há muito a ser feito. Ano passado, o Brasil liderou o ranking mundial de exportações de carne bovina, com um volume de 2,2 milhões de toneladas e receita de US$ 5,3 bilhões - 28% do mercado global, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). Já as exportações brasileiras de frango representam 40% do mercado mundial: de acordo com a Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frangos (Abef), foram vendidas 845 mil toneladas nos três primeiros meses do ano, com receita de US$ 1,2 bilhão.